terça-feira, julho 03, 2007
"A fronte praecipitium, a tergo lupi." *
Viver causa danos irreparáveis.
A vida, como ela é e deveria ser vivida, é incompatível com os nossos valores.
Deveriámos ser famintos, sorver, tragar, devorar a vida, todos os dias, a todo segundo. Não podemos. Há os outros.
Deveríamos ir sempre, sempre adiante, chegar lá, onde quer que seja nosso lá, sem parar, sem respirar. Não dá. Existem outros.
A vida é incompatível com a vida.
Ainda ontem afirmei que só era possível manter relacionamentos humanos longos e estáveis excluindo deles a verdade.
A verdade não nos é muito útil.
Precisamos da mentira amorosa, da mentira sanitária, aquela que disfarça a nossa vida em meia-vida social.
Aquela que esconde todos os ódios, invejas, ganâncias, mesquinharias, crueldades que sentimos e queremos infligir àqueles que mais amamos.
Viver como queremos é tarefa olímpica, idealizada, romântica, pura.
Viver como devemos é para os baixos, para o desfile bestiário onde realmente estamos.
Viver inteiramente é para os reles.
PS: A imagem de abertura do post é o quadro "Saturno" do pintor espanhol Francisco de Goya (1746-1828)
* Pela frente um precipício, por trás os lobos."
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2 comentários:
muito bom seu blog, evellyn!
beijos
Bela minha, bela minha,
essa coisa de verdade ou mentira também não são invenções de idéias - como já disse antes, meu ponto de interrogação sumiu da configuração do meu computador e tudo q escrevo soa como "verdades"! Grande engôdo, nessse caso.
Criativos, somos. Idealistas, moralistas, libertários, possessivos,liberais e ciumentos, mis o "mais" que vem. Eu, parei de escrevi menos aqui, adorando o que leio pois estando apaixonada, quero todo o tempo só para mim, pois - lembra do texto das criancinhas...Ainda tenho uma pré-pré FODA! Invento, manipulo... Toteio tudo em prol da minha verdade que é mergulhar nessa piscina de tesão. O tempo vai passando e " Nem tudo é verdade" e " Nem tudo é mentira". Certas situações nos fazem criativos por demais, por necessidade do QUERER máximo. Nada ainda foi para o chão mas, se fosse falar tudo....
Beijos no coração,
Maris
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