terça-feira, agosto 07, 2007
Não fui eu.
Agora, baixando a poeira, estou conseguindo ler sobre a tragédia do 3054 da TAM.
Nas últimas duas semanas, eu, assim como a nação, estava no olho da comoção e da solidariedade.
A empatia deu lugar à raiva.
Raiva do governo, raiva da ANAC, raiva da TAM, da Airbus...
Mas acima de tudo, raiva dessa nossa adolescência institucional, tão brasileira quanto o samba ou Pelé.
O governo empurrando sua responsabilidade para a TAM; as empresas, para o governo; e todo mundo, para os pilotos, que já morreram e não têm mais voz por suas honra e dignidade.
A vontade maior é gritar: SEJA HOMEM!
Seja homem, presidente Lula, chame a responsabilidade para si.
Seja homem, diretor da ANAC, assuma seus erros e negligências.
Sejam homens, herdeiros do Comandante Rolim, este sim, um grande homem, que criou uma grande empresa do nada; coloquem-se à frente do negócio que tocam.
Sejam homens e não se escondam atrás dos cadáveres de pilotos competentes e conscienciosos, para os quais as vidas que transportavam e pelas quais eram responsáveis, significavam mais do que uma cifra nessa aviação monopolizada.
A tragédia acabou, as famílias já enterraram seus mortos, nada, absolutamente nada, os trará de volta.
Mas, daqui em diante?
Até quando?
Até quando continuaremos dizendo, quando a corda aperta, quando a realidade se impõe, quando somos chamados à responsabilidade:
"Não fui eu, mamãe!"?
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2 comentários:
Gostei muito do texto!
Um texto diferente dos outros seus.
Um texto da cidadã Evelyn, e mais, da humana Evelyn.
É tudo muito revoltante e muito louco.
As vidas alheias, dos outros, são tratadas como tudo, menos como vidas.
O calo só dói quando aperta o próprio sapato.
(é,não sei como é o dito)
O sentimento que fica, de inquietação....
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