sábado, março 31, 2007

Long Time No Sea (com trocadilho)


Tenho bicho-carpinteiro. Na alma. Preciso viajar.

E o bicho lá. Coça, dói...

O bicho-carpinteiro do nomadismo.

Estaria na comissão de frente de Moisés, prontinha pra 40 anos de travessia.

Se eu fosse um português de 1500, provavelmente seria o primeiro voluntário pra casquinha de noz que ia atravessar o Atlântico até cair do mundo.

Colocaria purgante na comida do Neil Armstrong pra embarcar na Apollo no lugar dele.

Não há estado desse Brasilzão aonde eu não tenha pisado pelo menos uma vez. Já fui à África, às 3 Américas, à Europa. Parece muito, e me desespera saber o quanto ainda não conheço, pra quantos lugares ainda não fui.

Sempre quis conhecer todos os desertos do mundo. Dos de areia, faria ampulhetas. Dos de gelo, clepsidras. Sempre soube que os desertos sabiam mais a respeito do tempo. Deixaria os de pedra para as topadas e os de sal, para arder.

Ainda não fui à nenhum.

Um moço na Colômbia, no meio de uma praça, me disse. Esse moço xamã (como informou o amigo dele) me parou e disse que eu tinha olhos de deserto. Não me cobrou nada por isso. E eu acreditei porque sempre tive paixão por desertos e ele não sabia.

E o bicho aqui... Coçando na alma.

domingo, março 18, 2007

Roseanas


O vau, o vago, o vazio.

Agora e durante a minha submersão no universo de Guimarães Rosa, me descobri ressentida.

Me ressinto de Rosa por ter me roubado o prazer de rosear; das invencionices de palavras pelo som, pelo barulho que fazem despejadas assim, no ar. Se roseio, é plágio; e pior que plágio, é maltrato, é malfeito, porque não sou Rosa e não há o que ele já não tenha inventado neste português de meu Deus.

Sou obrigada a combinar a música com seu significado, pequeno em qualquer lugar, sabia muito bem o Rosa; pequeno, mesmo nessa difícil língua alatinada que falo, essa língua impossível que, de vasta e larga, cobre todas as palavras com precisões significadoras.

Quisera eu que o vau, o vago e o vazio fossem a mesma coisa porque dançam tão bem juntos, nessa frase e no palato. Mas não. O vau é outra, o vago é uma e o vazio é vazio mesmo.

Me arrisco, ali e ali, às vezes, num deslembramento, num reprecisar, mas é só. Ficam assim, soltinhas no meio de um conto, misturadas às palavras catalogadas, e passam sem me comprometer com o crime. Mas grande, imenso, de outro dicionário, um que não existe; não pode.

Posso ler o Rosa. A vida toda, até, que não acaba. Posso rezar um pouquinho, genuflexar, para que as minhas solitárias roseanas bastardas passem assim-assim, só adoçando as irmãs palavras legítimas. E posso esperar que João, o homem, o Rosa, esteja lá na sua sesmaria de céu, todo se rindo e dizendo, encantado: "Viver é um descuido prosseguido!"

E mais o é escrever.

sábado, março 17, 2007

Estado de espírito


"Oh yeah, I'm fine,
Everything's just wonderful,
I'm having the time of my life."

Sou eu, assim, fora de contexto, mas feliz, feliz que não se acaba! O coraçãozinho começou a se mostrar, tá batendo, forte, forte! Cadê as palavras, gente, nessa hora? Tem não, tem não! Tomara que esse post não "jinx" nada (blogfriend que não fala inglês, dictionary online!), I'm having the time of my life!