quinta-feira, dezembro 14, 2006

A ver quien lleva la batuta...




Foi-se Augusto Pinochet. E foi tarde, muito tarde. Passou 91 anos empesteando o mundo com sua desumanidade, com sua crueldade assemelhada a de Hitler, Idi Amim, Stálin, Ceaucescu, e tantos outros a quem evitamos chamar "homem" para que não nos rebaixemos.

Pinochet foi uma presença na minha infância.
Dois casais de grandes amigos dos meus pais, e seus filhos, aqui exilados, faziam a alegria de nossos fins de semana. Na casa deles ouvíamos Raíces de América, Mercedes Sosa. Na nossa, Elis Regina, cantando em espanhol, num gravador de rolo que era o xodó da minha mãe. Eu achava estranho que falassem uma língua diferente. Com eles aprendi minha primeira palavra em castelhano: "panza". E achei que espanhol não tinha nada de mais...

Um deles, um artista plástico brilhante, sua esposa, seus três filhos. Um dos quadros mais bonitos que tínhamos em casa foi pintado por ele, em vidro, ao invés de tela. Os meninos eram hemofílicos. E minha mãe me disse que apesar do gene da hemofilia ser materno, a mãe não tinha essa doença.

O outro, colega de trabalho do meu pai; sua esposa, uma senhora bem pequenina a quem amo e admiro profundamente até hoje. Ele, filho de um espanhol franquista. Ela, comunista de carteirinha. Se apaixonaram e se casaram nos ferozes anos 70 de nossa latinoamérica. Ela sobreviveu ao Estádio Nacional. Ele era funcionário da IBM e conseguiu transferir-se para o Brasil, enquanto seu país mergulhava numa noite tão escura quanto a nossa. Tinham dois filhos.

Loucos anos 70... Meu pai só descobriu a gravidade da tortura no Brasil quando estava em Palo Alto, Califórnia, numa missa de domingo que D. Hélder Câmara celebrou na capela da Universidade de Stanford. Ao final da missa, uma pessoa se levantou e pediu aos fiéis que mandassem cartas aos seus congressistas em favor dos desaparecidos e assassinados pela ditadura brasileira.
Nossos carrascos deram todo o suporte logístico, político e educacional para seus pares chilenos. Financiados pela CIA, ensinaram aos hermanos como se esmagam a pele, os ossos e o espírito de todo um povo.

O menino mais novo do pintor morreu por complicações advindas da hemofilia. Voltaram pro Chile com o término da ditadura.
O ex-colega de trabalho do meu pai não aguentou a pressão da vida, do mundo, sabe-se lá, matou-se com um tiro, em São Paulo.
Seu filho mais velho, meu primeiro amor, responsável por minha eterna paixão por Elvis Presley, com sua imitação perfeita do Rei adolescente; faleceu em um acidente de carro, há alguns anos.
Já separada do segundo marido, sua mãe tinha também tinha voltado ao Chile, depois de uma longa temporada nos Estados Unidos.

Todas as tragédias que seguiram o exílio, não têm relação direta com Pinochet e sua horda. Mas paira uma dúvida. Não teria sido diferente sem ele? O mundo, a ordem do mundo, não teria sido diferente?

O maior vilão de todos os tempos ainda é para mim, a cobra do jardim em "Sandra na terra do antes" de Fausto Wolff, que li pela primeira vez aos sete anos; e que carrega o nome de Adolf Stálin Rockefeller Pinochet.

O único que ainda me incomoda é o fato de Augusto Pinochet ter morrido placidamente, beneficiado por um enfarto, sem muita dor, e sem ter encarado suas vítimas, sem ter que desculpar-se pela atrocidade indesculpável que foi sua existência.

Aos chilenos, irmana-se o mundo; Diabo, não aceitamos devolução.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou! Lárálárá...


OK, vamos falar de cinema e ufanismo... Recebi uma tonelada de e-mails promovendo um boicote ao filme Turistas. É um filme bobo de terror (e não o são todos?), com uma história boba sobre turistas que são drogados em suas caipirinhas, sequestrados, levados de Guaratiba pra Amazônia sem escalas, têm seus orgãos roubados e ainda por cima são torturados.

Grande storyline.

Jura, gente, que é pra tanto?

Estamos acostumados a contar com a cabeça de bagre dos gringos, especialmente norte-americanos, porque, afinal de contas, somos os tais, os espertos, os malandros. E sim, uma boa parte deles, os gringos, especialmente norte-americanos, tem cabeça de bagre.

Porém, nós que não, pensemos juntos.

Boicote ao filme:

Apóio, concordo! Um grande motivo para se boicotar um filme é ele ser RUIM; o que, pelo trailer, sinceramente acredito que este seja.

Impacto no turismo:

O que o arrastão, o PCC, o Comando Vermelho, a Polícia Militar, os taxistas não conseguiram, o filme "Turistas", estrelado por whoever, vai? A-hã...

Comitê de Burrice Internacional:

Quem vai ao cinema ver filmeco B de terror? Quem acredita nessas baboseiras? O white trash americano, que nunca saiu de Loco Hills, New Mexico? Esse é o turista que vai cancelar sua viagem de família por 3 semanas no Rio, pela qual ele pagou 6 mil dólares? O italiano que vem pegar mulher em Copacabana? O universitário alemão fazendo sua viagem pela América do Sul depois de ter trabalhado um ano como caixa do metrô pra juntar dinheiro? DUVI-DE-O-DÓ!

Propaganda negativa:

Realmente, divulgar esta mentira absurda... Não existe essa de "boa noite, cinderela" na bebida (informe da Polícia Civil do Ceará, 26 de janeiro de 2006, http://www.policiacivil.ce.gov.br/noticias.asp?str_CodNoticia=23); nem sequestro de turistas (Jornal O Globo, 17 de agosto de 2006, http://oglobo.globo.com/rio/mat/2006/08/17/285308405.asp).
A pior propaganda é a existência da violência urbana, não a divulgação dela. Cuidado, amigos, não sejamos hipócritas.

Lenda urbana, macacos e Homer Simpson:

Roubo de orgãos é lenda urbana em todas as metrópoles do mundo. Pode até acontecer, mas ninguém nunca viu. Macacos, cobras e floresta amazônica dobrando a esquina da Vieira Souto, pobres dickheads americanos, que pensam que o Iraque fica na Europa e tem armas de destruição em massa. E Homer... Homer Simpson faz tudo isso muito melhor! (http://www.snpp.com/episodeguide/season13.html Blame it On Lisa (DABF10 / SI-1310)).

Esqueçam "Turistas", descansem suas cabeças e vão assistir Penélope Cruz, estonteante, em "Volver" (http://www.clubcultura.com/clubcine/clubcineastas/almodovar/volverlapelicula/index.html).

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Pulp Fiction Evelyn


Como os amigos próximos já sabem e os blogfriends podem vir a descobrir, Evelyn também é ficção. Portanto, aí vai o link; aproveitem, porque acaba!



www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=9902

sábado, novembro 18, 2006

Santo Domingo: onde o Rio é mais baiano...







Cheguei sexta-feira de Santo Domingo, República Dominicana. Fui ao Festival Internacional de Teatro, como touring technician de Denise Stoklos (coisa que, enquanto houver palco, farei sempre, com muita honra).
Santo Domingo é a primeira cidade das Américas, o primeiro lugar onde Colombo aportou. E sobrevoando o lugar, imaginei que seu primeiro pensamento deve ter sido "Daqui não saio, daqui ninguém me tira!"
Tanto que deixou um filho por lá, Don Diego, cuja estátua tão imponente como a do pai, está na Fortaleza Ozama. Quase tudo lá se relaciona à Colón (que é como os hermanos chamam Cristovão Colombo). Seus restos mortais, ou parte deles, estão no Faro a Colón. A primeira casa da Dinda se chama Alcázar de Colón, fica na Plaza España; porque nosso amigo apesar de genovês, foi pro Caribe a soldo de Isabel de Castela em 1492.

O mar é de uma cor impressionante. Não há fotografia possível, nada faz jus. A zona colonial, toda em pedra de 500 anos, é inesquecível. Mas o que faz de Santo Domingo um dos lugares mais especiais do mundo, são as pessoas.

Pegue o melhor do carioca: o bom humor, a simpatia, a solicitude, a malandragem benigna (porque há a outra...). Agora misture ao melhor do baiano: a malemolência, a sensualidade, a malícia. Acrescente rum. Aí está, você tem um dominicano.
Todos, mi equipo da sala Manuel Rueda, na Bellas Artes, os motoristas dos coches; desde os recepcionistas do hotel até a representante consular que nos acompanhou, deixaram marcas no coração e deixarão muitas, mas muitas saudades mesmo.
Saludos, amigos.
PS:As fotos, de cima pra baixo: fortaleza Ozama, plaza España, avenida da orla.




domingo, novembro 12, 2006

i - NÃO - Pod


Troque seu pulmão por um iPod nano. Ou por cds. Ou dvds. Compre Lucky Strike da Souza Cruz ( o que é uma contradição em si, cigarro chamado lucky), quanto mais você fumar, mais chances.

Eu não sei exatamente o que passa na cabeça das pessoas que elaboraram essa campanha tão criativa. E antes que me acusem de xiita antitabaco, fui fumante por 16 anos (da concorrente Philip Morris, Marlborão vermelho) e morro de saudades.

Entretanto, parar de fumar foi uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida. Se não, A mais difícil. E não desejo esse processo pra ninguém!

Após 16 anos da ingestão diária de 20 cigarros, meu corpo desaprendeu a funcionar sem eles. Meu intestino, meu fluxo menstrual, até minhas alergias, estavam condicionados à nicotina. Sem falar na dependência psicológica! Quando se para de fumar, se perde um amigo, um companheiro das horas difíceis, das fáceis, da solidão, de depois do sexo, de depois da refeição, do frio da madrugada, da mesa do bar, da frente do computador.

Fiquei um ano sem beber chopp, por que associava ao maldito. E eu adoro chopp!!! A minha tendência à insônia foi acentuada, fiquei tão ansiosa que engordei 10 (pasmem!) kilos!

Uma nuvem de mal-humor constante pairava sobre a minha cabeça. Tenho pavor de remédio psiquiátrico e tive que tomar Ziban! (exceção aberta e recente à fluoxetina e meu amigo Prozac, que anda salvando algumas vidas por aí...)

E isso não dura só um ou dois meses. Às vezes, mais de um ano.

Depois de tudo isso, alguns blogfriends devem estar gritando: "Volta a fumar, porra!"; mas antes de qualquer manifestação via comment, as vantagens:


- respiro (garanto que é a maior delas!);

- corro, meu record é de 10 km, coisa que não fazia nem antes de começar a fumar;

- consigo perceber a diferença entre vinhos, o que é um charme e ajuda à beça a fazer uma gracinha na hora da conquista;

- sou dona do meu tempo e do meu espaço, não tenho que parar a vida pra procurar um lugar pra fumar;

- economia de shampoo, meu cabelo mantém o cheirinho Johnson por até dois dias;

- esqueci o gosto de maçaneta peculiar às manhãs ainda fumantes;

- meu intestino, embora ainda teimoso nas viagens, aprendeu a andar sozinho;

- descobri que a melhor coisa depois do sexo, é mais sexo, até porque sobra folêgo;

- os cinzeiros viraram peças de decoração, o que confirma o meu bom gosto, já que não conto com nenhum da "Churrascaria Boi Lambão" entre eles;

- já disse que respiro?


Ah, e pra terminar: com o dinheiro que poupei parando de fumar, comprei um iPod de 30 GB, que tem pelo menos 30 vezes mais capacidade de armazenamento que o nano e não tive que dar nenhum orgão vital em troca.
PS: Amigos fumantes, se não der pra parar ainda, pelo menos demonstrem sua indignação mandando e-mails de protesto pra Souza Cruz. Sei lá, fumem de palha, comprem cigarro pirata, ameacem mudar de marca!

segunda-feira, novembro 06, 2006

"On, on I go!--(open doors of time! open hospital doors!)"


Muitas coisas, concomitantes e enlouquecedoras.
Estou escrevendo de novo. Profissionalmente. Uma ópera, com patrocínio e obrigações legais.
Estou trepando de novo. Desapegadamente. Umas pessoas, sem laços, dormir junto ou dia seguinte.
Estou crescendo de novo. Emocionalmente. Uma pessoinha, com importância gigante e uma das melhores amizades do mundo pra me oferecer.
Estou sofrendo de novo. Desarrazoadamente. Uma dor besta, egoísta, misturada aos meus melhores e mais sinceros votos de felicidade.
Urge encontrar o que eu quero, mas ainda não sei bem o que é. Urge encontrar o que eu sei, mas está perdido por aí. Urge me consumir e me acabar numa paixão, qualquer uma, pessoa, coisa. Urge encontrar um caminho, um lugar, um fazer.
Coisas, muitas coisas, acontecendo. E eu, ainda cheia de urgências, sem gaveta, armário ou caixa de sapatos pra guardá-las.
Eu, acontecendo em mim, várias vezes, urgente.
PS: O título é de um poema de Walt Whitman, Captain, my Captain, poeta amado, trem descarrilhado, barco à deriva como eu, e um maravilhoso chutador de portas.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Sic Transit Gloria Mundi


Estou em um novo projeto. De teatro. De vida. Sic transit gloria mundi. A glória do mundo é passageira. And sooooo is my life. Ao menos a profissional. Quatro horas da manhã de segunda feira, 9 de outubro de 2006. Muitas cervejas. Vá lá, algumas cervejas. OK, cerveja o suficiente. Vi ontem o que os belgas estão fazendo nos seus teatros. Hoje vi o que os ingleses estão fazendo nos seus teatros. Vejo o que brasileiros não fazem, não querem fazer e têm raiva de quem faz. E mais uma vez tristeza, porque não confio mais no meu país, não confio mais na minha pátria.

PS: Essa foto aí em cima é do espetáculo "Isabella´s Room" do diretor belga Jan Lawers e sua Needcompany.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Encaixotando ShoeMate


Fui à locadora ontem, em mais uma vã tentativa de alugar "O pla

Fui à locadora ontem, em mais uma vã tentativa de alugar "O plano perfeito" do Spike Lee; obviamente, nenhuma das 24 cópias estava disponível. Aluguei "Desejos Proibidos" no lugar, um filme que faz a minha militância se contorcer, por vários aspectos!

O título original desse filme é "If these walls could talk 2" (algo como "se essas paredes falassem"...). Isso porque a idéia central do filme produzido pela HBO (e do primeiro, que tratava do direito ao aborto) é que três histórias com a mesma temática (neste caso, o lesbianismo) se desenvolvam em épocas diferentes na mesma casa. Mas foi traduzido como "Desejos Proibidos"!!!!!!!!!!!!!!!!! Meu Deus, em 2000!!!!!!!

A primeira história se passa em 1961 e é protagonizada pela maravilhosa Vanessa Redgrave. Mesmo o elenco coadjuvante do filme arrasa: Paul Giamatti, Elizabeth Perkins... OK, duas velhinhas moram juntas há 30 anos, uma delas tem um derrame e o mundo todo trata a metade restante do casal como NADA. Sem direito à visitas no hospital, à informação do falecimento, à preparação do funeral, à casa comprada com a companheira. Em 2006, ainda estamos lutando na câmara dos deputados por um registro de união civil. Vamos combinar, mensalão pode; casamento, não.

A última se passa em 2000. O casal Sharon Stone, gostosíssima, e a same old Ellen DeGeneres, quer ter um filho. Amigos gays, esperma pela Internet, banco criogênico. Tentam de tudo. Afinal de contas, mesmo lésbicas, as mulheres tem a obrigação da perpetuação... Principalmente pra Hollywood. Hello, nem todo mundo quer ter filho! Nem mesmo pra se encaixar no estereótipo socialmente aceitável da família alternativa. We´re queer, we´re here, deal with it, com ou sem filho, condomínio, leite de soja, tailleur Stella McCartney ou power yoga!

A segunda história é a minha preferida, trata de uma questão mais interna, quando os discriminados discriminam. Foi a que mais me interessou como tema de discussão (as outras duas questões, pra mim, estão encerradas: temos direito e acabou! Pago impostos como todo mundo, não admito ser tratada como cidadã de segunda classe). O ano é 1972, auge do movimento feminista nos USA. Quatro jovens militantes são expulsas do grupo de mulheres da faculdade por serem lésbicas. Ficam putas da cara e resolvem ir à um bar Butch-Femme de beira de estrada. (Não vou explicar o que é butch-femme; blogfriends, pesquisai!). Ao se deparar com mulheres de terno e gravata, capanga e cinto personal, as quatro só conseguem perceber as diferenças entre elas e as freqüentadoras do bar. Tudo piora quando uma das mocinhas se envolve com uma butch engravatada. Quem tem mais intimidade com o mundinho gay, sabe que existem categorias nas quais somos divididas (vou falar só de mulheres, ok?): dykes, butches, femmes, tomboys, boishes, lesbian chic. Essa divisão nos torna mais palatáveis socialmente, os estereótipos são a vaselina da engrenagem social; sei onde está a minha turma, sei onde está o inimigo. As coisas ficam realmente confusas quando tudo se mistura e a tendência a discriminar, peculiar a todos os habitantes do planetinha azul, se acentua.

Particularmente, me vejo como tomboy, graças à uma cara eterna de moleca, com direito a bochechas rosadas e tudo! Mas existem os dias em que acordo dyke, exibo minhas tattoos, olho pras bundas. E existem os dias em que choro por não ter 5 kg a menos pra caber naquele vestido preto lindo que combina com o meu salto preto lindo que combina com a minha bolsa preta linda. E mais do que isso, modelos são lindas; mulher brasileira, linda, com bundão, peitão; ratinha de praia, linda; mas o que me atrai de verdade são tomboys exatamente como eu. Em certos dias.


PS: Blogfriends, desculpas pela desatualização, andei viajando. Mas já tô de volta!

quarta-feira, agosto 23, 2006

Re-DaVinci




Hoje foi um dia desperdiçado. Com música, com quadrinhos, com gamão no computador, com nostalgia. Desculpem-me os blogfriends que aguardam por política e reclamação, mas às vezes fico pessoal. Até tentei esboçar uma cara pra esse blog (no plano conceitual, apenas), mas me encaixo em muitas categorias. Poderia escrever um blog "Sex and the City" com os meus trinta e poucos; um "Manual Lésbico de Sobrevivência"; um "Solteiro no Rio de Janeiro"; um "Às armas, companheiros!"; sei lá, tanta coisa, que resolvi escrever sobre tudo ao mesmo tempo. Sou uma mulher da Renascença, afinal, por que me restringir a apenas um assunto?

Um post novo toda quarta-feira...


Para que ninguém tenha que entrar no meu blog todos os dias (chega, já temos compromissos demais!), decidi que vou postar uma novidade toda as quartas-feiras...

PS: Talvez eu esteja forçando um pouco a barra, mas, por favor, riam se entenderam a piada!

sexta-feira, agosto 18, 2006

País do Futuro


Além do Master na Cultura Inglesa, estou fazendo um curso preparatório para o CAE (Certificate of Advanced English da Universidade de Cambridge), que é um nível acima do FCE, certificado de Cambridge que tirei recentemente. Um dos motivos pelos quais passei tão bem no FCE, foi a minha excelente professora. Como profissional, é uma das pessoas mais inteligentes e interessantes que tive o prazer de conhecer. E ontem, fiquei sabendo que ela e o marido pretendem morar em outro país.
Por diversos motivos que desconheço, mas por alguns com os quais tenho profunda intimidade: a carência enorme de recursos para quem deseja estudar, a falta de identificação com o ambiente de trabalho, a acomodação e estagnação dos colegas, os critérios que diminuem o mérito e premiam o lobby.
Os mesmos que me fizeram, e ainda fazem, abandonar o barco. Triste.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Nota


O conceito que rege este blog é: DEMOCRACIA.
Todos os comments serão aceitos, à exceção dos que contenham preconceito, racismo, incitação à violência ou crime, ou pedofilia.
Podem discordar à vontade, mesmo usando palavrões, desde que estes venham acompanhados de argumentos.
Obrigada, Maluquinho, pelo comment, já foi publicado.

Diariamente


"Em 1973, o relatório da Comissão Knapp revelou a existência de uma epidemia de corrupção no Departamento de Polícia. Como resultado, policiais uniformizados foram afastados do combate ao tráfico de drogas. Operações policiais foram transferidas para esquadrões especializados, os quais poderiam ser monitorados mais facilmente para evitar corrupção. Entre 1973 e 1983, os mercados de drogas eram operados de maneira relativamente aberta, com pouca interferência da polícia. Índices de criminalidade aumentavam regularmente. Existia o sentimento de que a polícia tinha pouco a fazer a respeito, o que era causado por patologias sociais básicas que eles não tinham poder de mudar.
Esta tendência resultou de residentes estarem tirando proveito da convergência do desenvolvimento na política econômica da cidade de Nova Iorque, incluindo mínimo policiamento em muitas áreas e corte na provisão de serviços básicos... Um vácuo foi criado na administração, o qual foi preenchido pelas organizações de distribuição de drogas... Os anos 70, na cidade de Nova Iorque, foram caracterizados pelo sentimento geral de que os problemas urbanos – especialmente crimes – estavam além das possibilidades do governo de solucioná-los..."
Alguma semelhança?
Ok, não somos NY; mas bottom line é que as coisas se resolveram, com políticas mais duras , sim, mas sobretudo, com o envolvimento da sociedade civil.
Vias democráticas demandam muito tempo; nós, brasileiros, tendemos a ser mais imediatistas. Talvez tenhamos um tanto mais de urgência, por todo o tempo em que nos falta tudo.
Mas medidas reais, sólidas, só a longo prazo.
O que podemos fazer agora?
Deixar de dar a "caixinha" pro guarda e aceitar, como adultos e cidadãos responsáveis, as consequências de termos ultrapassado o sinal vermelho, ou o limite de velocidade. Denunciar a corrupção do síndico do prédio, do fiscal de impostos, do cara que veio cortar a luz. Não furar fila. Não dar carteirada. Atravessar na faixa. Pagar nossos impostos abusivos para que não nos peguem com as calças na mão. Reclamar uma, duas, mil vezes, alto e em público dos maus tratos na fila do banco, no ônibus, nas repartições. Ceder nossos assentos no trasporte público a quem realmente precisa deles. Lançar uma campanha de combate diário à corrupção, à NOSSA corrupção cotidiana. Perceber que não temos modelos de comportamento em nossos governantes e SER o modelo.
Parar de agir como uma nação de adolescentes e nos levar muito, mas muito mais a sério.
PS: Esse excerto acima é de um artigo muito interessante sobre a política de Tolerância Zero aplicada em NY, com seus prós e contras. O link está anexo.
PS2: Parabéns, Tatá!

terça-feira, agosto 15, 2006

Manual do Bom Selvagem



Como cordata e simpática brasileira, cidadã alegre e extrovertida radicada no cartão postal do país, me apavorei (como venho me apavorando já há algum tempo!) com os headlines dos jornais cariocas: TERROR.
Assim, simples.
Não bastassem Al-Qaeda, Hezbollah, suas respectivas Nemesis institucionalizadas Bush e Olmert, Jean Charles, crianças libanesas, passageiros britânicos, Fidel, Kim Jong Il; São Paulo, como lançador de tendências, sai na frente inaugurando o terrorismo contemporâneo na terra de Cabral.
Ah, senhores, por favor!
Disfarçar o resultado da incompetência, corrupção e falta de compaixão de nossos políticos e classes dominantes de terrorismo? O que estamos vendo não é a novidade do terror, mas a velharia da miséria, do desleixo, do "farinha pouca meu pirão primeiro"!
Fred D´Orey estava nos jornais de hoje bradando sua indignação por ter tido seu carro roubado! Ficou tão revoltado que até mandou um e-mail para Marcos Palmeira e Marcelo Serrado! O sr. D´Orey é um empresário respeitado no Rio de Janeiro. Os srs. Palmeira e Serrado são atores conhecidos nacionalmente. Vamos lá, gente, vocês podem fazer melhor do que sentar no computador e mandar uma corrente de e-mail! Se somente a platéia da pré-estréia do novo filme de Sérgio Rezende tomasse pra si o exemplo de Zuzu Angel, já veríamos alguma diferença.
A verdade é: desistimos. Mais uma vez, desistimos. Fred D´Orey vai comprar outro carro, os sanguessugas serão reeleitos, mais alguns policiais serão assassinados, milhares de presos continuarão sob condições sub-humanas, enquanto continuamos a seguir, à risca, o Manual do Bom Selvagem.


PS: Recebi um ótimo comment hoje, uma amiga me pedindo para não perder a fé nos seres humanos... A fé continua intacta, darling, é a humanidade que está se perdendo.

domingo, agosto 13, 2006

Vanitas, vanitas...


Vivo em um meio onde as pessoas são muito voltadas pra si, pra seus próprios mundinhos. Estou , obviamente, inclusa nesta categoria, assumo, estou tentando melhorar.
Culpo o meio, que é uma fogueira de vaidades, mas também culpo o mundo, que está se degradando diariamente no que concerne às relações humanas. Provavelmente, em outros rincões além do meu, a manutenção das amizades também deixe muito a desejar.



Desculpas que usamos:

1 - Estou sem tempo;
2 - Comecei um namoro;
3 - Terminei um namoro;
4 - Estou namorando;
5 - Você está louca, quem disse que eu sumi?;
6 - Pensei em você hoje! Ia ligar mas acabei esquecendo...;
7 - Posso te ligar daqui a pouco?;
8 - Fiquei de ligar, não é? Esqueci!;
9 - Não paro em casa! Vi suas 16 chamadas no celular, mas pensei que se fosse importante, você deixaria recado;

E, a minha preferida:

10 - Oi, fulana, tudo bem? Como vai você? Menina, você não sabe o que aconteceu comigo! Eu, eu, eu, eu, eu! Meu, minha, meus! Eu, eu, mim! Mim, mim, comigo, eu, eu, EU!!!



Como todo mundo sabe, meu eu é muuuuuuuuuuito mais importante do que o eu do outro. E assim, vamos perdendo o mais relevante e mágico de se criar elos: doar-se, independentemente dessa bobagem da vida adulta moderna que é receber algo em troca.

sexta-feira, agosto 11, 2006

A estupidez grassa...


Uma amiga acabou de me chamar a atenção para o fato de que eu divulguei o blog sem mandar o endereço... Eu que tenho tanto orgulho da minha intimidade com softwares e hardwares e periféricos, esqueci o mais simples, a alma do negócio: informação. Sem a qual ainda estariámos nos virando com paus e pedras, nos vestindo com peles (sic) e arrastando nossas mulheres pelos cabelos!
Se bem que, mulheres, cabelos, hummm...

quinta-feira, agosto 10, 2006

A vida é um buraco...


Estou num lugar que ainda não sei qual é... Engraçado pensar que há apenas um ano essa locutora que vos fala tinha uma persona social completamente definida. Acabou. Não tem mais. Finito.
O que, por outro lado, abre zilhões de possibilidades. Redefinição. Reinvenção. Redenção. Quase a Madonna!
Essa é a grande vantagem de estar desencaixada, qualquer lugar é lugar. New motto: here-now (mentira...)
Mas, vamos tentar.
PS: Por falar em Madonna, vamos combinar, hein!

Meninos, cedi!


Cedi ao fato de que meu primeiro editor serei eu, necessariamente. So...
Este é o meu primeiro blog!
Não estou bem certa do que vai virar, mas de qualquer modo, cá está, devidamente introduzido: Sete Sortes está na web!