sábado, novembro 18, 2006

Santo Domingo: onde o Rio é mais baiano...







Cheguei sexta-feira de Santo Domingo, República Dominicana. Fui ao Festival Internacional de Teatro, como touring technician de Denise Stoklos (coisa que, enquanto houver palco, farei sempre, com muita honra).
Santo Domingo é a primeira cidade das Américas, o primeiro lugar onde Colombo aportou. E sobrevoando o lugar, imaginei que seu primeiro pensamento deve ter sido "Daqui não saio, daqui ninguém me tira!"
Tanto que deixou um filho por lá, Don Diego, cuja estátua tão imponente como a do pai, está na Fortaleza Ozama. Quase tudo lá se relaciona à Colón (que é como os hermanos chamam Cristovão Colombo). Seus restos mortais, ou parte deles, estão no Faro a Colón. A primeira casa da Dinda se chama Alcázar de Colón, fica na Plaza España; porque nosso amigo apesar de genovês, foi pro Caribe a soldo de Isabel de Castela em 1492.

O mar é de uma cor impressionante. Não há fotografia possível, nada faz jus. A zona colonial, toda em pedra de 500 anos, é inesquecível. Mas o que faz de Santo Domingo um dos lugares mais especiais do mundo, são as pessoas.

Pegue o melhor do carioca: o bom humor, a simpatia, a solicitude, a malandragem benigna (porque há a outra...). Agora misture ao melhor do baiano: a malemolência, a sensualidade, a malícia. Acrescente rum. Aí está, você tem um dominicano.
Todos, mi equipo da sala Manuel Rueda, na Bellas Artes, os motoristas dos coches; desde os recepcionistas do hotel até a representante consular que nos acompanhou, deixaram marcas no coração e deixarão muitas, mas muitas saudades mesmo.
Saludos, amigos.
PS:As fotos, de cima pra baixo: fortaleza Ozama, plaza España, avenida da orla.




domingo, novembro 12, 2006

i - NÃO - Pod


Troque seu pulmão por um iPod nano. Ou por cds. Ou dvds. Compre Lucky Strike da Souza Cruz ( o que é uma contradição em si, cigarro chamado lucky), quanto mais você fumar, mais chances.

Eu não sei exatamente o que passa na cabeça das pessoas que elaboraram essa campanha tão criativa. E antes que me acusem de xiita antitabaco, fui fumante por 16 anos (da concorrente Philip Morris, Marlborão vermelho) e morro de saudades.

Entretanto, parar de fumar foi uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida. Se não, A mais difícil. E não desejo esse processo pra ninguém!

Após 16 anos da ingestão diária de 20 cigarros, meu corpo desaprendeu a funcionar sem eles. Meu intestino, meu fluxo menstrual, até minhas alergias, estavam condicionados à nicotina. Sem falar na dependência psicológica! Quando se para de fumar, se perde um amigo, um companheiro das horas difíceis, das fáceis, da solidão, de depois do sexo, de depois da refeição, do frio da madrugada, da mesa do bar, da frente do computador.

Fiquei um ano sem beber chopp, por que associava ao maldito. E eu adoro chopp!!! A minha tendência à insônia foi acentuada, fiquei tão ansiosa que engordei 10 (pasmem!) kilos!

Uma nuvem de mal-humor constante pairava sobre a minha cabeça. Tenho pavor de remédio psiquiátrico e tive que tomar Ziban! (exceção aberta e recente à fluoxetina e meu amigo Prozac, que anda salvando algumas vidas por aí...)

E isso não dura só um ou dois meses. Às vezes, mais de um ano.

Depois de tudo isso, alguns blogfriends devem estar gritando: "Volta a fumar, porra!"; mas antes de qualquer manifestação via comment, as vantagens:


- respiro (garanto que é a maior delas!);

- corro, meu record é de 10 km, coisa que não fazia nem antes de começar a fumar;

- consigo perceber a diferença entre vinhos, o que é um charme e ajuda à beça a fazer uma gracinha na hora da conquista;

- sou dona do meu tempo e do meu espaço, não tenho que parar a vida pra procurar um lugar pra fumar;

- economia de shampoo, meu cabelo mantém o cheirinho Johnson por até dois dias;

- esqueci o gosto de maçaneta peculiar às manhãs ainda fumantes;

- meu intestino, embora ainda teimoso nas viagens, aprendeu a andar sozinho;

- descobri que a melhor coisa depois do sexo, é mais sexo, até porque sobra folêgo;

- os cinzeiros viraram peças de decoração, o que confirma o meu bom gosto, já que não conto com nenhum da "Churrascaria Boi Lambão" entre eles;

- já disse que respiro?


Ah, e pra terminar: com o dinheiro que poupei parando de fumar, comprei um iPod de 30 GB, que tem pelo menos 30 vezes mais capacidade de armazenamento que o nano e não tive que dar nenhum orgão vital em troca.
PS: Amigos fumantes, se não der pra parar ainda, pelo menos demonstrem sua indignação mandando e-mails de protesto pra Souza Cruz. Sei lá, fumem de palha, comprem cigarro pirata, ameacem mudar de marca!

segunda-feira, novembro 06, 2006

"On, on I go!--(open doors of time! open hospital doors!)"


Muitas coisas, concomitantes e enlouquecedoras.
Estou escrevendo de novo. Profissionalmente. Uma ópera, com patrocínio e obrigações legais.
Estou trepando de novo. Desapegadamente. Umas pessoas, sem laços, dormir junto ou dia seguinte.
Estou crescendo de novo. Emocionalmente. Uma pessoinha, com importância gigante e uma das melhores amizades do mundo pra me oferecer.
Estou sofrendo de novo. Desarrazoadamente. Uma dor besta, egoísta, misturada aos meus melhores e mais sinceros votos de felicidade.
Urge encontrar o que eu quero, mas ainda não sei bem o que é. Urge encontrar o que eu sei, mas está perdido por aí. Urge me consumir e me acabar numa paixão, qualquer uma, pessoa, coisa. Urge encontrar um caminho, um lugar, um fazer.
Coisas, muitas coisas, acontecendo. E eu, ainda cheia de urgências, sem gaveta, armário ou caixa de sapatos pra guardá-las.
Eu, acontecendo em mim, várias vezes, urgente.
PS: O título é de um poema de Walt Whitman, Captain, my Captain, poeta amado, trem descarrilhado, barco à deriva como eu, e um maravilhoso chutador de portas.