segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Abaixo a Mamãelândia! ou um Libelo contra a maternidade compulsória


Por favor, não me levem a mal.

Adoro crianças. Meus amigos com filhos estão aí pra provar.

Adoro o Ian (que agora nem é mais criança, mas que vi crescer...), adoro a Lara. O Gabriel, a Cecília, a Sílvia e a Juliana. O André Luiz. Adoro o Lucca e o Rodrigão. O Jonas e o Giovanni. Adoro o Leonardo, que se auto-nomeia Leodado, que foi meu parceiro de dança mais constante no casamento da tia dele e que acha que eu sou a melhor "levadora" de crianças pra fazer xixi porque eu deixo fazer bagunça na hora de lavar as mãos.

Mais do que isso: as crianças também me adoram; outra coisa pra qual existe ampla comprovação. Mesmo as mais difíceis, em algum momento, descobrem essa tia bacana e tatuada, o que a torna mais bacana ainda... E nenhuma, absolutamente nenhuma delas, me chama de tia!

Então, o porque deste título, deste post?

Eu explico: apesar de adorar crianças; adoro as dos outros, que têm prazo de validade.
Na hora que eu vou sair pra beber chopp, volta pra mãe. Na hora de assistir aquele filme besta na TV, tchau, tá na hora de ir pra casa. Na hora de fazer todas as coisas que adultos fazem quando bem entendem, toma que o filho é seu.

Compreendam, não sou um monstro. Tomo conta, troco fralda, bato papo, jogo videogame, brinco de carrinho, dou comida, conto piada ( o Gabriel achava que eu era a melhor contadora de piada que ele conhecia...). Mas não embolem o meio de campo, não são meus filhos. Não vou educá-los. Não vou dar bronca. Só vou fazer coisas que tia legal faz e acabou.

E não terei filhos.

Chegamos ao ponto. Tenho uma teoria a respeito. Um ideal, talvez. Acho que quando queremos ter um filho, o queremos com alguém. Amamos tanto uma pessoa que nada mais nos resta a não ser se fundir a ela da maneira mais radical e indissolúvel: tendo um filho (incluo aqui os adotados).
Não consigo conceber a idéia de simplesmente ter um filho porque eu quero. Ou porque já passei dos trinta. Ou porque... ah!... porque sou mulher...

Ser mulher não faz de mim uma reprodutora. Ser mulher também não gera em mim instintos automáticos de maternidade. Meu relógio biológico não está tocando como um despertador.

Estou de saco cheio dessa coisa chata que muita, mas muitíssima gente mesmo, tem vindo me perguntar que é quando terei filhos. Não se quero; mas quando!

Aí vai a resposta: nunca! OK? Conversamos?

Mais do que essa cobrança irracional da perpetuação orientada pelo gênero, ultimamente também sofro uma pressão orientada pela sexualidade.

Não sei, parece que é moda agora, todas as lésbicas têm obrigação de engravidar. Reafirmação da feminilidade? Aceitação social? Mãe, sou gay mas vou te dar um neto? Hum...

Notem bem, não sou contra a maternidade em geral ; sou contra a MINHA maternidade.

Coisas passam pela minha cabeça... Minha vida controlada pelo horário de uma criança. A hora de mamar. A hora de dormir. De dar banho. De ir pra escola. As viagens que não poderei fazer. As saídas com os amigos que adiarei. As trepadas no meio da sala que não terei. Não... não é pra mim!

E antes que pichem "EGOÍSTA" na parede do meu blog, lembro aos amigos que estarei sempre disponível para tomar conta dos pequenos para que vocês possam eventualmente fazer tudo isso de que eu não abrirei mão.

E depois volta cada um pra sua casa.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Pra tudo se acabar na quarta feira...


Detesto carnaval. Mesmo. Com raiva.

Eu não era assim...

Já fui associada da Banda de Ipanema, vejam só!

Mas de uns anos pra cá, tudo me irrita.

Pit boys ameaçando. Overacting das bichinhas. Invasão do funk. Mijo na rua. Sexo na rua. Sapucaí pra inglês ver. Sapucaí com chiqueirinho VIP. Bandido tirando onda de celebridade. Samba reloaded. Falta de opção. Festa eletrônica a 140 reais. Trânsito caótico. Abadá. Polícia descendo a porrada. Tudo fechado. Um país que só funciona depois do carnaval.

Fico em casa, pedindo baixinho, pra que a quarta-feira chegue logo...

Vou requerer cidadania sueca. Por uma semana. Só durante o carnaval.

Quando o país acordar, vocês me chamam.


PS: Só um pensamento... O assassinato de João Hélio perdeu seu espaço no jornal pra "tragédia" da Beth Carvalho e a diretoria da Mangueira. Só um pensamentozinho...

domingo, fevereiro 11, 2007

Da vida e sua inexorável fugacidade(ou Réquiem para uma surpreendente jovem de 26 anos que se foi cedo; cedo demais)



Essa semana, na madrugada do dia 5 de fevereiro, minha prima Raquel faleceu, aos 26 anos, de enfarte do miocárdio.

Tudo surpreende: a idade, a fatalidade, a rapidez.

Mas o mais surpreendente foi o que se seguiu.

Minha tia, mãe dela, passou a semana descobrindo um outro lado de sua filha. Todos os dias, vindos dos lugares mais improváveis, telefonemas a informam da infinita bondade dessa moça Raquel.

Ajuda financeira, moral, espiritual, que ela provinha a todos que a procuravam, necessitados.

Um tio que precisou de aulas de matemática. Uma mulher que tinha problemas com o banco.

Outras, muitas coisas; sem que ninguém soubesse.

Uma disponibilidade genuína de ajudar, de se fazer presente nos momentos mais importantes.

A última vez que nos vimos, ela se ofereceu para atravessar a cidade e ir buscar a nossa avó, na Zona Leste, para que ela pudesse assistir à estréia do Surto em São Paulo. Numa sexta-feira. Às 7 da noite. Trazendo o mesmo sorriso meigo e doce com o qual me presenteou após o espetáculo.

Coisas pequenas, coisas grandes. Para tudo.

Nos fará grande, imensa falta. Já faz.

Fica em nós um vazio desmedido; uma dor por sua partida.

Resta para nós, o bálsamo impressionante de sua existência; o seu legado.

domingo, fevereiro 04, 2007

Manhã de Aniversário



(Post ainda imerso em todo o álcool consumido ontem. E garanto que não foi pouco.)

Bom dia pra mim! Quer dizer, ainda é um bom dia, porque a bebedeira ainda está aqui e a ressaca ainda não chegou. Mas chegará, fatal como um aniversário...

Envelheço.

Não só nos cabelos brancos, que de 2 ou 3 anos pra cá, resolveram aparecer bem na frente, ostensivos.
Não só nos músculos que têm que passar pelos aparelhos duas vezes mais para despontarem.
Não só no cansaço que me acomete às 4 da manhã, quando antes só chegaria às 4 da tarde.

Fatal.

Completo 33 anos muito lúcidos. Mais lúcidos do que eu realmente gostaria, muitas vezes.

Em poucas horas, estarei me crucificando nessa manhã de domingo; fatal; de aniversário. Pelas besteiras faladas ontem, pelos abraços mal-dados, pela pouca atenção dedicada a tantas pessoas que conheço.

Estarei moralmente crucificada, repetindo um ritual tradicional dos que completam 33, bêbados.

PS: Aos amigos preocupados, a imagem é só uma piadinha de humor negro. O estado de espírito é outro. Ou será, quando estiver sóbria...