
Por favor, não me levem a mal.
Adoro crianças. Meus amigos com filhos estão aí pra provar.
Adoro o Ian (que agora nem é mais criança, mas que vi crescer...), adoro a Lara. O Gabriel, a Cecília, a Sílvia e a Juliana. O André Luiz. Adoro o Lucca e o Rodrigão. O Jonas e o Giovanni. Adoro o Leonardo, que se auto-nomeia Leodado, que foi meu parceiro de dança mais constante no casamento da tia dele e que acha que eu sou a melhor "levadora" de crianças pra fazer xixi porque eu deixo fazer bagunça na hora de lavar as mãos.
Mais do que isso: as crianças também me adoram; outra coisa pra qual existe ampla comprovação. Mesmo as mais difíceis, em algum momento, descobrem essa tia bacana e tatuada, o que a torna mais bacana ainda... E nenhuma, absolutamente nenhuma delas, me chama de tia!
Então, o porque deste título, deste post?
Eu explico: apesar de adorar crianças; adoro as dos outros, que têm prazo de validade.
Na hora que eu vou sair pra beber chopp, volta pra mãe. Na hora de assistir aquele filme besta na TV, tchau, tá na hora de ir pra casa. Na hora de fazer todas as coisas que adultos fazem quando bem entendem, toma que o filho é seu.
Compreendam, não sou um monstro. Tomo conta, troco fralda, bato papo, jogo videogame, brinco de carrinho, dou comida, conto piada ( o Gabriel achava que eu era a melhor contadora de piada que ele conhecia...). Mas não embolem o meio de campo, não são meus filhos. Não vou educá-los. Não vou dar bronca. Só vou fazer coisas que tia legal faz e acabou.
E não terei filhos.
Chegamos ao ponto. Tenho uma teoria a respeito. Um ideal, talvez. Acho que quando queremos ter um filho, o queremos com alguém. Amamos tanto uma pessoa que nada mais nos resta a não ser se fundir a ela da maneira mais radical e indissolúvel: tendo um filho (incluo aqui os adotados).
Não consigo conceber a idéia de simplesmente ter um filho porque eu quero. Ou porque já passei dos trinta. Ou porque... ah!... porque sou mulher...
Ser mulher não faz de mim uma reprodutora. Ser mulher também não gera em mim instintos automáticos de maternidade. Meu relógio biológico não está tocando como um despertador.
Estou de saco cheio dessa coisa chata que muita, mas muitíssima gente mesmo, tem vindo me perguntar que é quando terei filhos. Não se quero; mas quando!
Aí vai a resposta: nunca! OK? Conversamos?
Mais do que essa cobrança irracional da perpetuação orientada pelo gênero, ultimamente também sofro uma pressão orientada pela sexualidade.
Não sei, parece que é moda agora, todas as lésbicas têm obrigação de engravidar. Reafirmação da feminilidade? Aceitação social? Mãe, sou gay mas vou te dar um neto? Hum...
Notem bem, não sou contra a maternidade em geral ; sou contra a MINHA maternidade.
Coisas passam pela minha cabeça... Minha vida controlada pelo horário de uma criança. A hora de mamar. A hora de dormir. De dar banho. De ir pra escola. As viagens que não poderei fazer. As saídas com os amigos que adiarei. As trepadas no meio da sala que não terei. Não... não é pra mim!
E antes que pichem "EGOÍSTA" na parede do meu blog, lembro aos amigos que estarei sempre disponível para tomar conta dos pequenos para que vocês possam eventualmente fazer tudo isso de que eu não abrirei mão.
E depois volta cada um pra sua casa.